Sefiras

Passo o córrego e duvido de onde estou. Será aqui? Só vejo duas casas, olho para os lados, titubeando... Bom, se estiver errada, houve vida.

As ovelhas me olham, enquanto me aproximo da primeira cerca. Elas eu e o campo. Nos unimos numa risada de lã, pasto pobre e soleado.

Conto as ovelhas, 9, as casas, os galpões pela metade. É justo, simples. Um acervo de nomes desconhecidos. O sujo e bagual no olhar do senhor campeiro que nos recebe. O chamo de amigo.

O abraço que nos damos é curto e acertado. Naquele intervalo entre os amigos, uma música soa, são as galinhas, o vento, ninguém precisa falar nada.

- Espero que estejam te tratando bem lá. Você fala com a gente senão. Ao dar uma bronca no patrão dele, todo universo se alivia e ele sorri.

- Tá bem.

- Quando der, esse sábado, passa lá. Tem tanto milho, abóbora. Venha que a roça é nossa.
- Vou.. vou.. - e falava que lhe faltava tempo.
- Só queria plantar e cuidar das minhas coisas. - seu sonho é o da própria imensidão.

Que nos une assim? Que rumor move o fogo do seu rancho antes de dormir?

Nos despedimos depois de passar por tudo e fazer piadas de que mesmo faltando muito...que bom seu campo, dentro daquele cercado, ele ainda cultiva a flor humana.

Descemos como o sol, que insiste. Depois de despedir de alguém que ama seu pago, há sempre paz.

Olho para trás. Não é o mesmo sitio que vi ao princípio. Lá em cima vive um amigo e ele deu sua palavra que seguirá pastor de ovelhas, e sua casa está aberta a todos os vizinhos.edited 22:13