Entre a sesta e a estrela



Foi hoje que percebi o final do ano chegando.

Nada em especial, mas um vizinho deixou uma bolsa de pêssegos farta e outra de amoras na hora da sesta. O amigo secreto de fim de ano.


Entrou pela porteira, fez uma coisa dessas.. Quem teria sido. Essa boa fama, sem ele saber, se espalhou pela tarde, sobre todo bairro, igual os algodões branco que pousam nos espinhos.  



É fim de ano e só quero a anunciação da liberdade da fauna humana. Que voltemos a dizer sim para o óbvio, para o justo e para o prazer. 


Pode trazer numa bolsinha plástica mesmo, amigo secreto.


As abelhas criam suas casas de mel. O cheiro está por toda mata. E são multidão enquanto minguamos.



Li muitos livros hoje e não houve um que conversasse com esse tempo, nenhum sabe o que acontece quando olhamos essas pedras aparecerem na área da lavoura. Pedras brilhantes, embranquecidas com pontas cortantes e cara de preciosidade, primeira vez que vejo nascerem igual abóboras, esses quartzos. Limpei elas na água, fiz uma apacheta, e não houve conversa. 


O grupo de crochê do bairro é melhor que todos os memes juntos que vi hoje. Pena não saber crochê.


A cebola começa a atiçar no óleo e a pequena se ergue, se baixa e o angú e a cozinheira são Deus.. A cachorra se inclina e depois salta quando a comida vem... Como poderemos um dia voltar a lhe dar ração...


Entre a sesta e a estrela da noite há um vento que divide os seres humanos em acolhidos e exilados, durmam como puder. Vento da sorte, do azar, da injustiça? A Palestina tem frio e nada pras suas crianças. Meu amigo tem fome. 




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