Namoro antigo

Na época dos caixeiros viajantes, minha amiga leu uma nota no jornal que era um pedido de namoro. Vinha de um moço dedicado e viajeiro que buscava um pouso para seu coração peregrino. Imaginei as palavras e a curiosidade pícara de minha amiga diante do jornal.

Ela aceitou o romance às escuras - acho que por curiosidade. Durou alguns encontros e algumas botinas. Ele era generoso e sempre aparecia com um sapato novo. As caixas desse caxeiro eram de sapatos. Depois ela foi  se cansando, tinha só 2 pés ao final. E nos últimos encontros sua mãe lhe disse, minha filha, diga a ele que seu pé encolheu. Pense na mãe antes de terminar o namoro.

Tudo isso acontecia sem essa coisa estranha chamada tinder. Onde existia a ficha de orelhão, a praça, a nota no jornal, os sapatos em busca de pés. 

De qualquer forma, o amor é esse ridículo da vida. E os mistérios do flerte perduram, escapam notas e cardápios de pessoas.

Comentários

Postagens mais visitadas