Coisa Pouca, Só Ternura

 Respeitável público!

Nesse pequeno povoado, de merecido valor, merecida estima, chegamos o Circo Coisa Pouca Só Ternura!

Escutem as batidas, chegamos tarde, mas é sempre tempo - dizia minha vó - para a Ambrusia. Tomem assento. Temos as almofadas de chitas, os cachecóis de lã colorida, as mudas de alecrim, os biquinis de fuxico para o verão que arde.  E o rio será testemunha, só ele sabe o quão refrescante é ser ninguém!

Público pacífico, oceânico, índico, o espetáculo que começou há milênios, segue o mesmo! O único espetáculo que importa, o da Liberação da Gente! E hoje, vejam que curioso, esse Circo minguado quer desbancar a Ódiocracia. 

Aiai como grita essa Ódiocracia!!

Viemos desarmados, mas almados, sim senhor, e estimados presentes! Tem café na mesa, tem pão feito no forno da roça. Tem frutas do pé, e calos na mão. Temos a poesia e a prosa, que mais, que menos! Olha meninão, Olha essa moça feliz, bate palma, abraça,  hoje é dia de abrir o peito, que a brisa está fresca para o Universo.

Sentem-se. Tomem Tempo...

Essa história que vamos contar começa com a chegada das fadas, eram bonitonas, olha ali elas. (e aparecem as fadas, claro que seriam mulheres comuns), Elas receberam no bosque as Donas da Terra:

- Tomem tudo para vocês, porque se tudo a Deus pertence, é de vocês. - e as Donas da terra foram chegando e sendo acolhidas pelas fadas madrinhas.

Sorriam, porque as crianças também sorriam, correndo por toda parte. Um abraço é um paraíso. Já viram?

Somos apenas um Circo que lhes conta os prodígios da flor. 

Nós viemos de longe, viemos do fundo da caverna digital, saímos de lá, vejam que feia essa caverna friiiia que alimenta.. a Ódiocracia!! 

Mas viemos contar um segredo, não podem com a orquestra dos pássaros! não podem com o sorriso das donas da terra nem com a mãe de tudo.

As Donas da Terra chegaram, de ônibus fretado e foram recebidas por mais de 10 fadas madrinhas, tudo que elas sonhavam tinha. 

Essas fadas lhes aliviaram a dor nas costas da lavoura, bolo com grleia de jabuticaba e chocolate, lhe davam as flores na hora da partida "leve, amiga, faz jardim onde quiser". Levem os doces pra longa viagem, levem um poema Marinho, sementes boas. Levem o abraço da que fazia remedinhos " a erva traz pra mesa, deixa pendurada sobre o fogão a lenha!" 

'Levem hoje o que tanto vocês deram pra todos."

 Esse dia o bosque estava tranquilo, os lobos espreitavam de fora. Os lobos não sabiam como entrar, tudo brilhava muito. Os lobos nem se metem.

Não podiam entrar nem os lobos, nem as invejosas javalis. Não puderam entrar de jeito algum essas que só querem pisar na Flor do amor... Ecoava pelas ramas, Violeta Parra, Mercedes Sosa, Conceição Evaristo, e tudo ganhava mais força e as protegia. 

Vocês sabem como é quando essa gente da Ódiocracia veem outros felizes né? Pesam o peito, pesam de ódio até pingar o veneno... Mas esse dia, as crianças brincando, esqueceram os celulares, e isso ajudou ainda mais ao ódio não passar. 

Era um círculo que virava jardim.

Ai ai, estimado público. Esse era o dia das princesas campesinas. Não é exagero dizer que cada uma é uma flor. E quando elas contam suas historias de vida, suas lutas, travessias, sai um aroma a jardim divino. Nada que ver com perfume barato. Af! É o perfume da dignidade ali.

Esse dia houve uma pausa nessa porção do mundo. Não puderam desencantar o encanto, não puderam des-rimar a rima de todas juntas. 

Era dia de juntarem seus poderes e conversar. E quando dançaram, então, com a velha Senhora do rebolado, soltaram as amarras do mundo. Não...nunca foi só sobre elas, público amigo, as Donas da Terra, sabem que tudo que fazem, é sinfonia, é pra todos. Reverbera como uma boa risada.

Até na cidade chega o canto do coração das donas da terra!

O Circo Coisa Pouca Só Ternura vem contar que nesse dia, aconteceu alguma coisa que o céu brincou na terra, assim,  porque é assim que essas coisas acontecem, de mãos dadas.

Viemos apenas contar essa boa nova, que como orvalho, perdurará, na memória delicada.

Batamos palmas! Mais alto! Isso!

Uma pluma pousou na terra e elevou a esperança!!

Esse Circo seguirá quente, é do sol. Não queremos enfiar toda essa Ternura que resta na fria caverna...da Ódiocracia.

(Som de violino e flauta)

Uma salva de palmas às fadas, às Donas da Terra. A esse Circo pobre, não precisam dar palmas... apenas lembrem da Ternura. Gracias!!!!



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